Chamam-nos preguiçosos, parasitas, calões, maus profissionais e um infindável rol de nomes que atiram a quem diz abertamente que não gosta de trabalhar e inventa de tudo para fazer o mínimo possível.
Regra Básica
Quem não tem nada para dizer é quem mais necessidade tem de comunicar e isso é cada vez mais notório quando olhamos para redes sociopatas cheias de entulho e um crescente número de programas de televisão que multiplicam comentadores especialistas em coisa nenhuma que se repetem uns aos outros.
Sem Classe
Sempre ouvimos muitos dos que caminham ao nosso lado apregoar as virtudes de uma sociedade sem classes. Ouvimos e chegámos a lutar pelo mesmo, mas a certa altura, percebemos que afinal não é isso que queremos. Queremos manter a nossa classe e orgulhamo-nos de lhe pertencer, mesmo que sejamos cada vez menos.
Fábricas de Nada
As fábricas já há muito abandonaram as grandes cidades para se fixarem nos arrabaldes, em parques industriais feitos de chapa. No seu lugar, instalaram-se mercearias de grande dimensão com preços inflacionados e descontos fictícios que enganam papalvos que adoram passear carretas de metal pelos largos corredores e pagar alegremente nas caixas automáticas com os seus cartões plásticos.
A Greve
Em Janeiro, os empregados do sector que o Papa Paulo VI baptizou como Comunicação Social, reuniram-se num congresso patrocinado por bancos, mercearias, construtores civis, companhias de electricidade e de telefones, entre muitas outras marcas e empresas, e chamaram a isso “Congresso dos Jornalistas“.
Espaços em Volta
O jornal da Sonae dá um grande destaque de primeira página a uma fotografia e uma frase de Fernando Alves, jornalista veterano que recentemente deixou de trabalhar para uma das empresas rivais, e que, a pretexto de um novo livro de crónicas, tem uma conversa com a ex-directora do tal jornal da Sonae. Uma conversa, é aquilo que os “jornalistas” chamam ao que antigamente se chamava um entrevista medíocre.
O Fundo do Fundo
Primeiro deixaram de se tratar por camaradas e passaram a tratar-se uns aos outros por colegas. O tu ficou para trás e deu lugar ao você.
Aliança Velha
Dois dos três partidos populares portugueses, o democrático e o não democrático, decidiram criar um coligação pré-eleitoral para, em conjunto, disputarem as próximas eleições legislativas e europeias, deixando de fora o outro partido popular, o monárquico. Chamaram a esta coligação, Aliança Democrática, o que é estranho, sendo que um não é democrático, pelo menos de nome. Deviam assumir aquilo que são e candidatarem-se coligados como Partido Popular.
Marcelo Rebelo da Cunha
Se queremos ir beber uma cerveja e há dois cafés na mesma rua, um chamado Império, outro Labareda. A nossa escolha é óbvia. A deles também. Escolhem sempre o Império. É lá que se juntam, que se amantizam e que se apadrinham uns aos outros. No Labareda e noutros semelhantes não há nada disso, só comida e bebida que são, desde sempre, as melhores formas de subversão.
A Garota Nanda
Caíram no erro de se auto-proclamarem classe média. Dizem com orgulho que cresceram no bairro social e que não usaram o elevador social mas, ainda assim, treparam um degrau.