Não sei se é inédito, mas o Dia do Trabalhador deste ano calhou no Dia da Mãe ou vice-versa. Para mim, pelo exemplo da minha, faz todo o sentido juntar os dois. Devia ser sempre assim. Nunca precisei de heróis, nem de me educar sobre movimentos e reivindicações, porque tive sempre tudo em casa, sem precisar de livros e muito menos de dinheiro.
A Polémica desta semana abre com um raro artigo em português sobre as mulheres invisíveis da Revolução como lhe chama A Borda [pt] que nasceu no início da semana, mais precisamente no 25 de Abril e que se afirma como a primeira plataforma de jornalismo feminista em Portugal, seja lá o que isso for. A minha mãe, sócia número 3 do referido sindicato, não é, nem nunca foi invisível. O problema é que há gente a mais com os olhos tapados ou que apenas vê o que não importa.
Também há os que se esquecem ou que preferem esquecer, por isso, uma das minhas tarefas é ir lembrando algumas efemérides, como os 85 anos do bombardeamento de Guernica, um dos acontecimentos mais marcantes da Guerra Civil Espanhola. Está no Página 12 [es] da Argentina.
Há que ler, enquanto ainda vão havendo publicações que não seguem o mesmo caminho da maioria e que, de certo modo, também são invisíveis. Culpa de muitos daqueles que se dizendo anarquistas, comunistas ou seja o que for contribuem para a existência e domínio de plataformas que promovem o pensamento único e o modo de vida dos ricos, seja porque as lêem, porque nelas escrevem ou porque lá passam grande parte da sua vida, agarrados a um telefone esperto, achando que vão mudar alguma coisa. Não faz mal? Claro que faz. Leiam o artigo da Coda [en] e pensem bem naquilo que andam a fazer.
Felizmente sou de outro tempo, em que os telefones não eram espertos, não cabiam no bolso e não tinham lugar na maior parte das casas. Um artigo do The Guardian [en] trouxe-me uma certa nostalgia de uma coisa já extinta em muitos sítios e em via de extinção noutros.
Celebrarei o 1.º de Maio como deve ser celebrado, no dia em que não houver nenhum trabalhador precário e em que nenhum tiver de trabalhar nesse dia, num feriado ou num Domingo se não quiser. No dia em que for o dia dos trabalhadores todos e não apenas dos que têm o dia livre e podem passear na rua e abanar as bandeiras.