É de dissolução que se fala. Não é de demissão, nem de exoneração, é dissolução. Uma tarefa diária comum, para quem faz das limpezas o seu ofício e que, ao que parece, é a tarefa mais importante de um Presidente da República Portuguesa, com a diferença de ganhar um bocadinho mais à hora. Foi com dinheiro proveniente das limpezas que cresci, que aprendi a ler, etc., etc. e esse, para mim, há-de sempre ser o ofício mais nobre que existe, embora muito pouca gente o respeite.
O que vale é que está comigo a Afar [en], que dá destaque a uma história sobre uma rainha das limpezas.Há também uma série numa dessas plataformas digitais, inspirada na história de uma empregada de limpeza que se tornou escritora. Uma mulher de dois ofícios, portanto. Que, para além disso, tem ainda de viver com as dificuldades de sustentar, praticamente sozinha, a sua filha.
Um combate diário de muita gente, não só na América, como relata a Vox [en], mas um pouco por todo o mundo onde é cada vez mais difícil suportar sozinho o aumento do custo de vida.
Em Toronto, no Canadá, por exemplo, mesmo aqueles que ganham “bem” já não conseguem suportar os custos, como se pode ler no The Star [en].Que não se pense que é só lá longe.
Aqui perto, no Reino Unido, também já se sentem dificuldades, como conta o The Guardian [en]. E aqui, estão mesmo a bater à porta. É isto que tem de ser discutido e não as dissoluções que só servem para dar tempo de antena a inúteis, que não têm de se preocupar com estas coisas.
Não se pode falar mal das pessoas que ocupam os maiores cargos da nação, não é? Sei mais ou menos. Não se pode falar mal de quase nada, a não ser que se tenha mais de 90 anos e se seja o Jean-Luc Godard. Dá para ler na Mediapart [fr], se souberem francês e tiverem um código que eu não vos vou dar, porque não sou Presidente da República nem vosso pai.