Foi uma semanita de aplausos e choro. Aplausos para o tagarela mor que é muito amigo do povinho e choro pela morte da pintora emigrada que pintava muito bem, segundo dizem. Não tomei grande atenção nem a um assunto, nem a outro, porque fui ali a uma praia atirar pedras aos peixes e ver a maré alta ao vivo.
Uma vez, um pescador analfabeto ali da zona de Sesimbra explicou-me que a Lua, as estrelas e os astros em geral é que influenciam as marés, a qualidade do peixe e a vida em geral. Tem toda a razão, acho. Eu e uns homens da revista Science [en] que estão a olhar para trás, para tentar perceber o quão sofisticada era a astronomia dos Maias.
O povinho, a arraia miúda, que adora o Marcelo e vice-versa, não está muito preocupado com os mares, as estrelas e as marés, desde que a sardinha saia gordita e não passe dos 300 paus, está tudo bem.
Eu desconfio sempre destes mandaretes amigos dos padres com um fascínio pelo povo. Costumo ter razão nessa desconfiança. A The Atlantic [en] descobriu agora uma ligação entre o Papa e o Hitler. Está tudo de boca aberta. O artigo é interessante a ilustração é ainda melhor. É de uma portuguesa viva, a Cristiana Couceiro.
Os vivos só têm valor quando morrem, veja-se o caso do Camões. No entanto há uns que conseguem criar legiões de fanáticos enquanto vivos. Por vezes, não precisam de ser muitos, têm é de ser fanáticos de qualidade como este da história da Esquire [en].
Em Espanha, os fanáticos para além de fanáticos são lunáticos. E não o são por causa da Lua que influencia as marés, são mesmo lunáticos porque são chanfrados dos cornos. Pelo menos uns que pagam seis contos para ver um documentário taralhouco sobre teorias da conspiração. Dá para ler no El Diario [es].
Por fim, e já que a maioria dos leitores disto agora são estranhos e parece que gostam, fecho com um artigo do The New York Times [en] sobre as vantagens de falar com estranhos. Acho que também é aplicável aqui.