Fodechinchos & Percebeijos

Chegámos a Agosto, a época estival em que esta coisa se enche de emigrantes e turistas parolos que acham que meia dúzia de trocos lhes dá o direito de foder a cabeça a quem cá vive. Por cá, chamamos-lhe avecs, bifes e camones, mas os galegos têm uma palavra mais engraçada: fodechinchos.

Lembro-me de ouvir isto há muito tempo, quando ir à Galiza de comboio era melhor que ir ao Porto, mas ao que parece, de acordo com La Voz de Galicia [es], a coisa ganhou mais força há um par de anos. O Nòs Diario [gal] explica as coisas de outra forma e mostra que os fodechinchos não são assim tão diferentes das dos avecs, dos camones ou dos bifes e também é muito semelhante ao que o pessoal da Zambujeira, Carrapateira, Rogil e Vila do Bispo usava para gozar com os bimbos que lhes iam lá mamar os percebes com a boca em forma de beijo: os percebeijos. Não se pense que é uma coisa nacionalista ou xenófoba, bem pelo contrário. É precisamente o oposto disso.

Desde que o molinhas é presidente da Junta de Freguesia do Porto, os fodechinchos deixaram de ir para Ferrol e passaram a vir para o Porto, com as suas maletas de rodas que ocupam os passeios todos. Não consigo perceber para que fazem tantos quilómetros para ver igrejas, obras de fachada, mamar cerveja de Leça do Balio e comer sandes com restos de carne e molho como se estivessem a comer uma pitéu tão raro como uma cabeça de borrego, acompanhada por um par de copos de vinho da talha de Vila Alva, paraíso das moscas.

Mosca é também o nome do vocalista do conjunto punk Dois Minutos, da Argentina, que foi declarado personalidade destacada da cultura na terra onde sempre viveu. Há entrevista com ele na Rolling Stone [es]. Por cá, para se ser personalidade destacada na cultura é preciso fazer o frete de ir comer filetes com os m&m’s (Marcelo e Mexia) ou então ir tomar um cimbalino ao café Asa de Mosca. Punk não dá. Mas também nunca daria porque os “punks” de cá querem é ser malabaristas, fumar charros, ser amigos dos cães e dos gatos ou, se forem filhinhos do papá, mamar uns cocktails nos bares citadinos.

É só, porque como é Agosto, também vou ali comer e beber, ó terrim-tim-tim, passear na rua. Se não tiverem o que ler, façam o costume, que é ir ali ao arquivo das entrevistas da Playboy [en].

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