Na pobreza mediática nacional, a grande discussão continua a ser a etimologia da palavra invasão. Não a das hordas de turistas, nem a das gaivotas urbanas, nem a da nova linguagem, mas a outra que me interessa pouco.
São várias as invasões de muita coisa, umas mais eficazes que outras. A que mais me chateia é a invasão da inteligência pela burrice. Barbas brancas compridas não são sinal de sabedoria, quanto muito, são sinal de pouco asseio.
Atenção que não desgosto do fetichismo mediático por países distantes, porque as histórias que aqui trago também são de países distantes. A diferença é que não são de apenas um, nem monotemáticas. A primeira de hoje é sobre o novo barão da droga do Japão. Um toninho emigrado que se aproveitou da perda de influência da Yakuza. A Vice [en] diz que o gajo demorou um ano inteiro a contar a história, é grandita, mas não demora um ano a ler.
A droga de que se fala é da branca, daquela que os betinhos enfiam no nariz. Droga a sério é cavalo, pelo menos cá em Portugal. Na América, cavalos é para correr. é engraçado isto de misturar calão com português normal. Se eu disser “de cavalo não percebo um boi”, pode ser confuso e querer dizer várias coisas é claro que esses gajos modernos ficam confusos e depois passam a vida a perguntar a mesma coisa. O que é que queria dizer com…?
Tem mente curta. Chupam o mangalho ao Sebastião R. Bugalho, mas nunca leram o Hunter S. Thompson. Para começar, e para nos mantermos na temática dos cavalos, podiam ler o texto dele sobre o Kentucky Derby, mas não dava para aquelas cabeças. Talvez consigam ler outro, publicado na SI [en] esta semana, sobre a mesma temática, mas sem metade da arte.
Podiam até ler ambos, mas cavalos é um daqueles assuntos que não entram no jornalismo nacional, a não ser que seja uma história sobre o cavalo de algum ricalhão desses que metem dinheiro nos jornalecos. Na verdade não sei muito bem quais os assuntos que interessam ao jornalismo nacional, para além de mortos, feridos e coisas que toda a gente já sabe. Investigação, nada, muito menos se for uma investigação a um antigo professor depravado, como este da Business Insider [en]. Não há disso cá? Há.
Foi uma invasão curta, porque vou aproveitar que os tripalhocos deixaram a cidade vazia para irem ali à minha terra natal ver o jogo da bola, para invadir uns sítios e ir buscar umas coisas que me fazem falta. Nem vão dar por nada e ainda fazem a festa quando voltarem. Burros do caralho. Futebol moderno e jornalismo moderno é tudo a mesma cagada.