Jogar à bola não é para todos. Há uns que têm medo da chuva, há outros que a mãe não deixa que fiquem o dia todo na rua, há outros que são rabolhitos e só jogam se houver treinador e tácticas e essas cangalhadas todas.
Jogar à bola é muito diferente de futebol. Há balizas e golos, mas o resto é tudo um bocado desnecessário. Grande parte desta rapaziada que está lá no meio do deserto a representar as equipas das federações de futebol dos seus países, nunca jogou à bola. Já nasceram depois de o futebol se ter tornado no negócio que é hoje. Se são daqueles que ainda acreditam que o futebol é um desporto, então é melhor lerem este artigo da Mother Jones [en].
Não é tanto pelo sítio onde fazem os campeonatos do mundo de futebol, as ligas dos campeões e grande parte das outras provas. É mesmo porque aquilo não tem graça nenhuma. Tem muitas regras, muita tecnologia e isso estraga a magia toda da coisa.
Os boicotes funcionam muito bem quando se trata, por exemplo, de não comprar comida a quem deixe que os empregados passem fome, a quem tem lucros gigantescos e não os reparte. Bloquear uma coisa com a visibilidade de um mundial de futebol não tem grandes efeitos. Tem sim, se se aproveitar esse momento para tornar visível um protesto, como fizeram os jogadores da equipa da federação iraniana de futebol ao negarem-se a cantar o hino do país, como mostra A Marca [es].
Se são dos que vão boicotar o mundial, mesmo na TV, em vez de verem os jogos, vejam antes os vídeos disponíveis na La Media Inglesa [es].
Eu vou jogar à bola com os putos ali de baixo, que isto com a chuva e a erva molhada é bom para fazer entradas de carrinho.