Há uma linha na letra da canção Death or Glory dos The Clash que diz “He who fucks nun, will later join the church” que é mais ou menos o mesmo que dizer “quem dorme com garotos, acorda mijado”.
No ano passado, incomodou-me muito ver uma deputada do Partido Comunista Português dar dois beijos na cara ao Marcelo Sousa, tal como me continua a incomodar gente que troca sorrisos com os seus inimigos e até se senta com eles à mesa para “debater ideias”, se calhar com a esperança de abrir uma porta para uma oportunidade futura.
A coerência é uma coisa muito complicada para os humanos e há um artigo na Haaretz [en] que mostra como Israel conseguiu tornar antigos criminosos Nazis em agentes da Mossad. Transpondo para a realidade nacional, é uma espécie de Milhazes que, depois de ter estudado para padreca, foi estudar para a União Soviética à custa do Partido Comunista Português (que, ao que parece, gosta muito de pagar os estudos a patetas) e agora cospe no prato em que comeu.
Há os que enganam, os que mudam de lado e há os que são enganados. É o caso de muitos americanos a quem enfiaram o barrete e que para cá vieram à procura de um país que não existe e que não tem nada a ver com aquilo que lhes disseram ser. Ao fim de alguns meses estão fartos disto a que chamam Portugal e da maioria da gente que cá vive a quem chamam portugueses (mais dos portugueses do que de Portugal). Estão a voltar para a sua terra, porque a vida aqui, afinal, não é como lhe venderam. A história está na Blomberg [en].
Não os censuro. Na verdade, nem sei o que vêm para cá fazer. Só quem é de cá consegue cá viver e gostar. Os outros, por muito que digam que gostam, mentem. Até os que cá nasceram, que saem para a Europa e depois voltam se sentem mal com isto. É uma maldição. Uma maldição boa.
Mas não é só cá que há maldições, lá na terra deles também há coisas muito interessantes, como é o caso deste sítio da história da New Lines Magazine [en].
Se acho a América mais interessante do que a Ibéria? Não, claro que não. Para eles, sim, porque não percebem como é que isto funciona. Ninguém se aguenta muito tempo cá. Nem os Celtas, nem os Fenícios, nem os Gregos, nem os Romanos, nem os Mouros, nem os Gauleses, nem os Ingleses. Em breve, os portugueses também vão desaparecer e voltaremos a ser o que sempre fomos: Ibéricos, comos os porcos.
Não é a Constituição da República, nem a bandeira, nem o hino que nos faz. É esta terra quantitativamente pouco fértil, mas como uma qualidade inigualável e tudo o que essa gente que por cá passou foi deixando, sobretudo os Mouros. Dispensável: o dinheiro que os Gregos trouxeram e a merda do vinho que trouxeram os Romanos e que os Ingleses conseguiram piorar ao plantar vinhas em cima de calhaus onde, durante séculos, cagaram cabras. É só mesmo para isso que o vinho serve: encharcar cabras velhas antes de as meter no forno para não desperdiçar cerveja.
Esta Polémica fecha como abriu, com uma música de um dos sobreviventes dos The Clash, Paul Simonoon, com um toque ibérico e pronta para amaldiçoar quem a quiser ouvir.