Os putos dos liceus estão revoltados. Ocupam escolas e pedem o fim dos combustíveis fósseis. Ao que parece, é esta a grande preocupação desta geração e das seguintes, mas na verdade, a grande preocupação deveria ser a mesma de sempre: a produção excessiva e o consumo também excessivo de coisas que não importam para nada e que eles próprios usam.
Todas as semanas, sem excepção, surgem artigos como este da New York Mag [en] que apontam a crise climática como o maior problema da mundo e da Humanidade, ao mesmo tempo que as publicações se enchem de propaganda a produtos e a fases de consumismo loucas, como a Sexta-feira preta, já este mês, ou a festa de anos do meninos Jesus no mês que vem.
Por esse mundo fora, as coisas já se estão a sentir e há sítios, como as Ilhas Fiji, em que várias comunidades estão a ser deslocadas para outros locais antes de serem engolidas pelas águas do mar. O The Guardian [en] tem um excelente artigo sobre este caso.
Se há quem se preocupe genuinamente com as consequências, como sempre, há quem olhe para isto como uma oportunidade de negócio ou de chegada ao poder. Tomei nota do nome de alguns deste jovens que protestam; tenho a certeza que, daqui a uns anos, estarão aí à frente de partidos políticos, de associações, empresas, etc. A coerência é uma coisa complicada e a passagem do tempo costuma ser reveladora.
Esta é uma fase de mudança de paradigma, mas não me parece que seja o clima, pelo menos para já, a ditar as grandes mudanças aí vêm. Antes disso, há a crise das grandes empresas tecnológicas, que nas últimas décadas foram vistas como o Santo Graal da Humanidade. Os desenvolvimentos das última semanas, com despedimentos e perdas consideráveis, são só o começo de uma mudança profunda. O Publico [es] antecipa o futuro próximo.
É muito interessante que comecem a surgir investigações de fundo sobre empresas tecnológicas ou gente que as usa e os esquemas em que se envolvem. A Rest of The World [en] revela uma rede de escravatura cibernética com base no Cambodja, a Mother Jones [en], uma história de abuso sexual de menores com base numa dessas chamadas redes sociais.
A revolução a sério virá um dia, mas não será feita por jovens barulhentos, vai ser uma revolução silenciosa, liderada por velhos sem nada a perder.