Esta semana isto é um bocado diferente, sem histórias internacionais. Fui alertado para o facto de um escriba do blog Público [pt] estar a ser acusado de plágio por ter copiado partes de uma crónica do El País [es]. Não dei grande importância, porque sei que é uma coisa comum por cá. São vários os “jornalistas” portugueses que fizeram carreira à custa de artigos copiados de jornais e revistas estrangeiros. A diferença é que, há muitos anos, esses jornais e revistas não chegavam cá, nem tão pouco os portugueses liam publicações estrangeiras. Hoje, com a Internet, é tudo mais claro. Os artigos que se lêem no Público ou numa outra publicação qualquer, são mastigados ou traduções foleiras de coisas que já saíram em algum lado. Creio que já aqui dei alguns exemplos de artigos portugueses mastigados que saem dias ou semanas depois dos originais que, por vezes aqui partilho.
Pensei um pouco melhor e aquela coisa sem importância, é na verdade um problema muito sério. Creio que também já aqui escrevi que a cópia era uma prática comum nas salas de aula da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, quando lá estudei Jornalismo. Muitos desses ex-alunos são hoje jornalistas. Não sei se copiam ou não, mas já o fizeram. Alguns deles, acusam políticos, empresários, etc de desonestidade, quando eles próprios fizeram uma licenciatura tendo por base a desonestidade e a cópia.
Pelo que sei, não é só ali. Copia-se em todo o lado e até se fala disso como um acto revolucionário. Não para mim.
À medida que vou descobrindo mas livros, autores e textos, vou percebendo que há muitas cópias nas várias vertentes da escrita, muitas vezes, feitas por autores venerados pelo público, pelos pares e pelas instituições.
A fama, o reconhecimento, o dinheiro e os prémios, nunca são bom sinal. Sobretudo nesta coisa da escrita. Ou como diria o Luiz Pacheco “fica sempre desconfiado quando vires um gajo da nossa arte a ganhar um prémio”. Um gajo ou uma gaja. Não que a culpa seja deles, mas se aceitam sentar-se à mesma mesa, acabam por comer todos do mesmo tacho.
É tão culpado aquele que copia, como aquele que o encobre ou o defende.