O foco disto são artigos internacionais, propositadamente, longe das coisinhas corriqueiras do dia-a-dia nacional. Mas o objectivo é perceber sempre o que se passa aqui dentro, a partir de um olhar internacional, porque o que encontro mais por cá são desertos de notícias.
Os canais de televisão repetem as mesmas coisas dias a fio, os jornais nacionais não conseguem aprofundar nada e os jornais locais, coitados. São coitados em todo o lado, é um facto, mas há quem se preocupe e, n’ América, são os jornais nacionais a mostrar essa preocupação. O The Washington Post [en] tem um excelente artigo, com histórias de jornalistas locais, sobre o que se pode perder com o desaparecimento de cada vez mais jornais locais.
Somos mais parecidos com os norte-americanos do que aquilo que pensamos, sobretudo em esquemas, trafulhices e patranhas. E não é na economia e nas finanças que há mais corruptos e trafulhas, é na arte e na “cultura”. Por isso, prefiro a honestidade das touradas. Quem gosta, paga e vê. Talvez seja isso que chateia os outros artistas e gente da outra cultura que não mata bichos, mas mata muito mais do que aquilo que se possa imaginar. É assim mesmo, enigmático, porque o que me importa é que leiam o artigo da Hazllitt [en]. É longo, claro que é longo.
Tento que os artigos sejam longos, porque sei que mesmo quem diz que lê muito e que gosta de ler, não lê nada. Até têm livros para tirar fotos e etc, mas não para ler. Como nunca tive livros nem jornais em casa até ter dinheiro para os comprar, se calhar dou mais valor à leitura. Isso e ter aquele crachá a dizer HUMANIDADES, que me deram no liceu, e que fazia tremer os professores da Faculdade de Letras que liam e continuam a ler muito pouco. E isso é muito perigoso. O El País [es] explica porquê.
Uma coisa é certa: o trabalho vai acabar, mais tarde ou mais cedo, por isso é melhor seguirem o conselho da The Atlantic [en] e preocuparem-se menos com isso e ganharem mais tempo para ler, por exemplo. Podem começar pela entrevista ao John Rechy, na The Land [en], e depois lerem os livros dele.