The Marias

É um retrocesso na civilização, dizem. Apanhei de solsaio e não percebei muito bem se estavam a falar daquilo do aborto nos Estados Unidos da América ou da festa dos martelos do Porto. Mas não importa muito porque por muitos retrocessos que existam, há-de sempre haver uma garota no Texas acompanhada pela The New Yorker [en] a ir contra tudo e contra todos e tempo para recordar a Quina a aproveitar os ajuntamentos dos parolos à boleia do Diário de Notícias [pt].

O fim do século americano está aí à porta e o séculos europeus já ficaram lá atrás. A Harper’s [en] quer saber o que vem depois disto, mas cheira-me que não são ou, pelo menos, não estão muito espertos. O século que aí vem é chinês e começa já daqui a poucos anos.

É bom que a transição se faça lentamente e que as coisas passem por aquela fase híbrida. Na maior parte das casas europeias já é quase tudo feito na China, mas não é só o lado material. Faltam aquelas coisas mais culturais que se importam e transformam. O The Guardian [en] já deu um passo à frente e foi para Hong Kong descobrir o profeta dos graffitis lá da terra.

N’América não se faz tudo mal. O The New York Times [en] tem um bom exemplo de algo importante que se está a fazer em Houston. Fazer. Não é como o Presidente cá da terra que vai dar sopa aos pobrezinhos sem casa e elogia a Isabel choné, mas prefere ir à festa dos santos todos do que fazer alguma coisa útil.

É que martelos de plástico, milhões de copos vazios no chão no dia seguinte e um fedor a mijo que tolhe, não são coisas que abonem muito em favor do ambiente. Mas a presidência é velha e isso são problemas para outra geração. O que interessa é sorrir, tirar umas fotecas, encher o bandulho e ouvir música parola. O resto, são coisas para a Reuters [en] se preocupar.

O que importa é que esta presidência não vai ficar para a história. Nem esta, nem a cavacal. Na verdade, quase nenhuma fica. Só na cabeça de quem as vive e com o mal que lhes fazem. Quem fica na história são os que fazem diferente, como as Marias, aqui lembradas pelo The Economist [en].

Velhos caquéticos que já não levantam a gaita, nem têm muitos mais anos de vida não deviam poder decidir nada. Sobretudo sobre assuntos de vida e de morte. Gostar de santos populares, não é o mesmo que ter poderes divinos.

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